O efeito do covid-19 sobre o negócio pode ser equiparado a um terramoto. O turismo de negócios, também designado por corporativo, pode ser desagregado em duas componentes principais: a simples viagem de deslocação e noites de alojamentos, de profissionais no âmbito da atividade normal das empresas e a realização e participação em congressos, conferências, feiras, etc.

Com o surgimento da pandemia causada pela Covid-19, ambas as componentes foram atingidas. Em virtude das restrições às deslocações internacionais, às consequências devastadoras que as mesmas tiveram sobre a atividade das companhias aéreas, e à proibição ou grandes condicionalismos impostos a realizações que promovam ajuntamentos e proximidade entre pessoas, as empresas optaram por não fazer deslocar os seus profissionais, estimulando a utilização de meios digitais e a realização de congressos, feiras e outros eventos foram anuladas ou adiadas.

A repentina falta de opções fez com que o mundo corporativo procurasse nos meios digitais a resposta às suas necessidades.  Num estudo de reputação de marcas realizado pela OnStrategy a Google liderou o ranking das marcas com melhor reputação e relação emocional no período da Covid-19 e a Zoom foi a marca com maior crescimento, 169% à escala global. E este processo de digitalização que já se vinha verificando na organização de eventos, irrompeu de forma expressiva e aparentemente definitiva, dando lugar ao modelo de eventos híbridos.

Para Portugal os efeitos da pandemia sobre este segmento poderão ser devastadores. Se em 2018, o país já tinha uma posição relevante no contexto internacional, em 2019 melhorou esse posicionamento, colocando-se no décimo lugar dos países com mais meetings realizados, tendo Lisboa sido a segunda classificada no ranking das cidades mundiais.

Em conclusão, e de forma cronológica poderão ser definidas três tendências a verificarem-se nos próximos anos:

- Próximos meses serão marcados por uma digitalização crescente e assistiremos à realização de eventos de menor dimensão e lentamente recomeçarão as deslocações de profissionais;

- Num segundo momento, no decorrer de 2021, voltaram alguns eventos físicos e de maior dimensão;

- Num futuro de médio e longo prazo a tendência será para a perpetuação de um elevado grau de digitalização e o questionamento da razão de ser dos grandes eventos.

Flexibilidade e transparência serão palavras-chave. Implicações ao nível de adiamentos, mudanças de local, anulações parciais, etc. passarão a ser questões para que todos os envolvidos terão de estar preparados

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